sábado, 26 de abril de 2008

[Lisboa] Manifestação Anti-Autoritária

Retirado de: Contra o Capital

Nota Prévia: Antes de mais é necessário referir que este blog não passa disso, um blog... Não é por ter sido postada a convocatória da manifestação que quem aqui escreve passa a ser da organização da mesma. Aliás, esta convocatória foi publicada em inúmeros sites e blogs.

É também engraçado o conjunto de movimentos que referiram estar ligados a esta manifestação. Principalmente o Stop the Lisboa Treaty, que é uma iniciativa de cidadãos alemães que se dedicam a publicar textos a exigir um referendo para a Constituição Europeia e também a denunciar algumas desigualdades sociais na Europa. Não se percebe qual a ligação que os senhores jornalistas encontraram com esta manifestação. Outra coisa foi terem referido os "Ultras", que toda a gente associa rapidamente a hooligans violentos desejosos de causar o caos e a destruição. Não se entende porque não escreveram o nome completo da organização, que é Ultras Contra o Racismo que já há muitos anos lutam pela erradicação do racismo nos estádios de futebol.

Depois, a Agência Lusa afirma ter tentado contactar os organizadores da manifestação para esclarecimentos. Que se saiba ninguém foi contactado.

Subtilmente os senhores jornalistas tentaram denegrir esta manifestação dando a entender que é apenas um grupo de miúdos rebeldes que não tem respeito por ninguém...

De notar também a insistência destes senhores jornalistas em tentar fotografar os manifestantes de cara destapada, mesmo depois de os mesmos terem feito perceber que não queriam ser fotografados.


Agora a manifestação propriamente dita:



Quando a manifestação partiu da Praça da Figueira havia, notoriamente, alguma tensão no ar. Houve mesmo uma conversa mais acesa com um jornalista que apesar dos avisos estava a insistir na captação de fotos aos manifestantes.

A polícia andava sempre nas redondezas e sabíamos que estavam à espera de um deslize nosso para poder intervir. A dianteira da manifestação estava a avançar rapidamente o que fez com que o corpo da mesma ficasse um pouco disperso. Circulava a informação (ou boato) de que a polícia poderia tentar partir a manifestação ao meio. Por essa razão o pessoal que seguía na frente começou a andar mais lentamente para assim o grupo fosse mais compacto e por conseguinte mais difícil de dividir.

Ao chegar ao Rossio houve alguns atritos com o pessoal da Associação 25 de Abril como é aqui relatado:

A concentração saiu da Praça da Figueira, passou pelo Largo de São Domingos e fez-se notar ao entrar no Rossio, com os tambores, buzinas e coros a inquietarem os membros da Associação 25 de Abril, que fazia naquela altura as suas intervenções num palco montado frente ao Teatro Nacional Dona Maria II.

"Vieram provocar uma manifestação organizada e a polícia sem fazer nada. Eu já fiz um 25 de Abril, agora tenho que fazer outro?", queixou-se um dos elementos da associação, que preferiu não se identificar.

De referir que nós não estávamos ali para provocar os senhores... Nem estávamos ali para festejar o 25 de Abril... Estávamos na rua para protestar contra o estado deste nosso mundo (falando de maneira generalista), contra o capitalismo, fascismo, e contra o cada vez mais enervante comodismo das pessoas...

Ouvimos algumas bocas, mas enfim, a manifestação continuou...

Ao chegar à Rua Augusta andámos muito devagar devido às esplanadas dos cafés. De referir o episódio do "homem-estátua" que, muito bem disposto, interrompeu a sua actuação para dar passagem ao grupo, a ele obrigado!

Depois, circulou outro aviso (ou boato) de que a polícia estaria pronta a intervir e que essa intervenção seria feita pelos lados para assim poder dividir o pessoal. O lado que estava mais exposto era o direito, mas tendo em conta a união do pessoal é bastante provável que se tivesse conseguído resistir em caso de ataque. Mas felizmente, isso não se verificou e a manifestação chegou pacificamente ao Terreiro do Paço onde forma queimadas as notas de 500 e foi lido mais um comunicado.

De referir que os senhores jornalistas só conseguíram perceber algumas palavras dos dois comunicados que foram lidos que foram: "Chibos infames", "Sangue nas ruas", "continuamos e continuaremos nas ruas"... Mais uma vez é uma mensagem violenta que passam, mas já vamos estando habituados...

Depois de algum tempo no Terreiro do Paço a manifestação começou a desmobilizar e de referir que os vários grupos que se iam retirando eram seguídos pela polícia que aproveitava para tirar fotos a quem já estava de cara destapada. Mesmo depois de desmobilizada houve agentes à paisana que tentaram criar confusão para justificar uma intervenção dos seus colegas robocops. felizmente toda a gente percebeu o que se passava e ninguém perdeu a compostura.

Foi talvez um dia perdido para os repórteres sedentos de sangue e de lojas partidas e de gente assaltada... Mas para nós foi um dia em cheio.

Paz Saúde e Anarquia

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