sábado, 27 de outubro de 2007

PNR desiste do objectivo 2009

Com a recente campanha lançada pela libertação de Mário Machado e Vasco Leitão, o PNR acaba na prática por abdicar do seu anunciado objectivo de eleger um deputado à Assembleia da República em 2009. O objectivo já era de si ousado, mas independentemente da possibilidade de eleger ou não um deputado, 2009 permitia aos nazis portugueses terem um objectivo concreto para o qual dirigiam as suas campanhas políticas e organizativas. A prisão dos líderes skins veio alterar significativamente a linha política que José Pinto Coelho tinha conseguido impor no partido. Pinto Coelho conseguiu unificar as várias facções skinheads no PNR, um processo que se solidificou à medida que o partido obtinha visibilidade pública e conquistava um espaço legal em que os nazis podiam actuar.
Uma grande parte dos líderes extremistas foram promovidos para cargos dirigentes do PNR, como é o caso de Vasco Leitão. Mas ser dirigente de um partido legal da ultra direita não significa que os skins tenham abdicado das suas práticas violentas e criminosas. Aqui a questão criminosa não se restringe à violência racial. Falamos também de crimes de delito comum como tráfico de droga, de armas e extorsão com que os nazis financiam as suas actividades. Apesar das abundantes provas, para o PNR estes continuam a ser meros delitos de opinião. A investigação policial a estas actividades durou mais de dois anos e culminou na prisão de alguns dos dirigentes dos grupos skins (assim como a apreensão de armas e propaganda nazi) na véspera dum encontro internacional da extrema-direita em Abril deste ano.
Ao optar por defender traficantes nazis, o PNR abdica de conquistar o suposto eleitorado nacionalista. É que mesmo entre o pequeníssimo sector da população portuguesa que não teria vergonha de defender abertamente ideias racistas, a identificação com traficantes de droga é um pouco excessiva. Pensar que existe um número suficiente de pessoas para eleger um deputado que defende Mário Machado é pura fantasia.
Mas porque fez então o PNR tal inversão? Quando surgiu o projecto do PNR, a extrema-direita não podia contar com mais ninguém para além dos grupos nazis que sobraram do Movimento de Acção Nacional. Ao longo destes últimos anos foram os skins que deram vida ao partido, que deram corpo às manifestações e garantiram a segurança do partido nas ruas. Não se conhecem ainda pormenores da sua contribuição para as finanças do partido. Obviamente que com base em todo este esforço e peso nos orgãos dirigentes, os skins estão em posição de exigir do PNR que tome uma posição pública em defesa dos seus chefes, mesmo que estes estejam envolvidos nos crimes mais sujos.
Para além disso, como é bem sabido, os skins têm na violência física o seu principal argumento político. Podemos facilmente imaginar o que aconteceria a Pinto Coelho e ao PNR se quisessem cortar os laços com o movimento nazi.
Os destinos do PNR e dos grupos nazis parecem estar assim irremediavelmente ligados, ambos condenados à irrelevância política e à marginalidade. Isto não significa que possamos começar a festejar a morte do PNR. A situação de marginalidade pode significar um recrudescimento da violência, pelo que todos temos que estar atentos nos próximos tempos.

Carlos Maia e Samuel Beneviste

2 comentários:

o pnr faz falta, a quem? disse...

Bom post!
Adiciona...

Anónimo disse...

Porque falam vocês daquilo que não sabem???? Estão nas reuniões do partido e eu não sei!!!!

Vivem em Bragança é por isso que falam assim....eu tenho todo o gosto de oferecer ao Carlos Maia e Samuel Beneviste uma visita guiada à realidade nacional, pois vocês devem viver por detrás de um PC a escrever opiniões sem fundamentos.

Cumprimentos
PN